Benefícios e implicações das novas tecnologias para a prática jurídica
Muitas empresas estão finalmente percebendo os benefícios possibilitados pelo Big Data. Hoje, as marcas mais famosas do mundo já fazem uso da tecnologia há um bom tempo: Coca Cola, P&G e até mesmo o próprio Facebook usa os insights obtidos para conhecer melhor seus usuários, bem como seus hábitos e então antecipar tendências de consumo e ações.
Em um ritmo menor de adoção, as empresas mais conservadoras estão acordando e percebendo o valor que isso pode agregar. Os escritórios de advocacia finalmente estão deixando a resistência de lado e dando uma chance às novas tecnologias. Mas o motivo dessa lentidão pode ser atribuído à uma série de questões não esclarecida. Abordaremos algumas a seguir:
Em primeiro lugar, existem várias aplicações em que o big data pode contribuir para a âmbito legal. A princípio, pode reduzir o tempo de resolução dos processos, uma vez que mune advogados e outros interessados de informações relevantes presentes na sociedade e possivelmente não consideradas na formulação inicial de cada processo. A médio prazo, pode diminuir os custos de operação dos escritórios e render tempo para tratar de novos casos ou de demais problemas decorrentes dos casos em questão.
Em segundo lugar, tornar transparente relações e correlações entre grandes volumes de dados que inicialmente parecem sem nexo, beneficiando a sociedade através de um sistema legal coerente. Ou seja, quando tudo é digitalizado, surge a possibilidade de uma análise mais rápida dos dados disponíveis abertamente na internet, correlações podem ser encontradas entre fatos e contribuir em termos de Jurisprudência. Para isto, é importante que organizações jurídicas coletem, armazenem, cataloguem e organizem todos os dados disponíveis abertamente para proveito atual e monitorem ações similares passadas e presentes a fim de levantar informações.
Há algum tempo atrás, o poder de computação tornou-se forte e barato o suficiente para armazenar todos os dados que quisermos, seja em nossos computadores pessoais ou em serviços de hospedagem na nuvem. Isto pode fazer com que, no futuro, esses dados se tornem insights para uso em casos jurídicos e possibilitem aos advogados responderem perguntas que atualmente encontram-se sem resposta.
Podem usar algoritmos que oferecem previsões estatísticas, e com base na mesma jurisdição dos casos propostos, para fornecer uma previsão de como esses casos poderiam decorrer. Afinal, muitas nuances podem ser obtidas com a análise de dados de casos antigos e possíveis repetições de ações podem ser previstas facilmente. Afinal “O ser humano é tudo, menos original. Tudo que fazemos alguém já fez antes ou vai fazer depois”, brinca Marcelo Guedes Nunes em uma entrevista ao portal Migalhas.
Por fim, é possível fornecer novas provas em tribunal. Hoje, tribunais brasileiros aceitam post’s, printscreen’s e até curtidas como provas judiciais. Tais fatos indicam que volumes dados coletados e analisados a partir de conjuntos de dados públicos podem ser admitidos como evidência. Além disso, o âmbito legal sempre foi uma frente baseada em dados, mas até recentemente todos os dados permaneceram off-line, no papel. Agora que as empresas de advocacia estão migrando para o mundo digital, abrem-se novas e vastas oportunidades para potencializar o seu trabalho.
O Big Data está começando a tomar seu espaço nas aplicações da lei e ainda há um longo caminho a ser percorrido. Entre outras coisas, devido às informações confidenciais que os escritórios de advocacia estão lidando, os mesmos se encontram relutantes em digitalizar todos os dados por conta de privacidade ou questões de segurança que isso possa envolver. Para muitas empresas, o armazenamento desses dados levanta muitos riscos e desafios, mas no final, o único caminho a seguir é a maneira digital.
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Tassoni (2019, Nov. 19). Associação Brasileira de Jurimetria: Como o big data pode auxiliar a prática da lei. Retrieved from https://lab.abj.org.br/posts/2019-11-19-como-o-big-data-pode-auxiliar-a-prtica-da-lei/
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